Para quem lê esta newsletter e não sabe: em setembro de 2020 criei o Te Dou Um Poema, um podcast no qual poesias tinham o intuito de ajudar a atravessar os dias de isolamento e de dor causados pela Covid-19. Os poemas foram a minha reconexão com a leitura, uma vez que, por meses, eu não conseguir me concentrar em romances, biografias e afins. Todos os episódios estão disponíveis nas principais plataformas, como o Spotify.
Sem muita constância, como boa parte dos projetos independentes, depois do último e elogiado episódio da quarta temporada, eu simplesmente parei. O trabalho remunerado consumia bastante meu tempo e, ainda por cima, levava algumas das minhas boas ideias.
Até que veio a ruptura de contrato em setembro deste ano, a ausência de frilas, excesso de problemas ao redor e, para além do meu infinito particular, um mundo assolado por notícias ruins: caos climático, guerras, triunfo da mentira e dos reacionários no poder. Tudo isso poderia me forçar a esperar simplesmente que 2024 acabasse logo. Mas não sou desse clube.
Evidentemente, não quero responder a tudo com poesia, até porque lutar com palavras é uma luta vã, como bem disse Drummond. Quero continuar pesquisando, entrevistando pessoas e conhecendo mais sobre temas que sempre me foram caros - e fora de moda - como a cultura, num cenário onde o entretenimento sempre gera mais interesse.
“Worstward ho”, de Samuel Beckett, não me saía da cabeça na intenção dessa retomada. Mas, admito, não sou tão profunda assim. Esse quote, bem típico dos que pingam em timeline de rede social, me deu o cutucão.
Siga o Te Dou Um Poema também no Instagram.
📚 Um romance poderoso
Chegou um momento de “A Palavra Que Resta” que desacelerei. Sempre faço isso com livros que estou amando muito porque não consigo me despedir dos personagens. O romance de estreia do escritor cearense Stênio Gardel conta a história de Raimundo Gaudêncio, um homem que guardou uma carta de amor por mais de 50 anos.
Analfabeto, ele resolve aos 70 anos que seria tempo de aprender a ler e abrir aquele envelope. A carta é de Cícero, seu primeiro e único amor. Ambientada no sertão, a história mistura beleza e dor, intolerância e esperança. Merecidamente, venceu o prestigiado National Book Awards, dos Estados Unidos, no ano passado e vai virar filme.
🎶 Wado + Zeca Baleiro
Lançado em outubro nas plataformas digitais, “Coração Sangrento” traz 10 faixas da mais alta qualidade divididas por Wado, catarinense radicado em Alagoas, e pelo maranhense Zeca Baleiro. A sintonia não é de agora, já que a parceria da dupla começou em 2002, com composições e participações especiais em discos.
A faixa “Alma Turva”, em rotação nas rádios, é extremamente certeira e conquista rapidamente (ela, aliás, foi a minha porta de entrada para o disco). Outros destaques são a faixa-título e a bela “Dia de Sol”.
É isso. Um abraço e até semana que vem!
Share this post